Como apresentar um livro para uma criança
Existe um jeito certo de apresentar um livro para uma criança?
Quando nós, leitores autônomos, falamos de literatura com nossos
amigos ou colegas, costumamos compartilhar as impressões que tivemos com
cada livro. Eu, pelo menos, não sigo uma regra e comento sempre uma
sequência de aspectos, como o autor, editora e contexto. Faço,
basicamente, um intercâmbio de experiências, destacando o que mais me
marcou.
Fiquei pensando se esse comportamento se repetiria ao compartilhar um
título com uma criança que ainda está engatinhando no mundo da leitura.
Com essa dúvida na cabeça, fui conversar com a professora Denise Guilherme, consultora em projetos de leitura e criadora do site A Taba. Confira o que ela me contou:
Qual é a melhor maneira de apresentar um livro para uma criança?
Como diz a contadora de histórias Edi Fonseca,
apresentar um livro é como apresentar amigos: nunca apresentamos todas
as pessoas do mesmo jeito, porque sempre fazemos um link entre cada uma,
nós mesmos e nosso interlocutor. Logo, não existe um jeito padrão nem
jeito melhor de apresentar todos os livros. Por exemplo, se a obra é de
um autor já conhecido pela criança, esse é um dos aspectos que pode ser
destacado, assim como é possível ressaltar um tema que é da preferência
do adulto que sugere. Claro que, no segundo caso, ele deve ser
compatível com os pequenos.
Pensando em atividades com literatura em sala de aula, quais
critérios um professor que trabalha com crianças pode seguir para
escolher de que maneira fará uma leitura?
Assim como é diversa a maneira de introduzir um novo livro, também é a
forma de lê-lo. Geralmente, propomos que a criança leia sozinha o que
ela tem condições de ler sozinha e que o professor leia em voz alta o
que ela não tem condições. Mas esse não é o único critério. Alguns
livros têm um trabalho específico com a sonoridade e, quando lidos em
voz alta, evidenciam sua melodia e cadência. Também há aqueles que
trabalham com repetições. Estes, se lidos pelo professor para toda a
turma, favorecem a participação dos alunos na leitura, na medida em que
eles conseguem detectar as partes recorrentes no texto. Além disso, é um
bom incentivo para fazer com que crianças ainda não alfabetizadas
comecem a ler. Já publicações com linguagem mais complexa ou ilustrações
difíceis de serem analisadas são boas pedidas para leituras
compartilhadas. Uma possibilidade é que todos os alunos tenham o livro
em mãos para a leitura individual, mas façam uma interpretação de texto
em conjunto.
Se o professor quer trabalhar a leitura oral, há gêneros mais indicados?
Sim. O discurso e o poema, por exemplo, são gêneros que têm como fim
serem lidos em público. Além disso, eles são bons se o objetivo é focar
na entonação e no ritmo da leitura. Outra possibilidade é o uso da
teatralização no caso específico do texto dramático, que já nasce para
ser encenado. É importante que os usos de cada texto seja real e
respeite sua natureza.
Sabemos que também é muito importante que os estudantes desenvolvam o prazer da leitura. Como o professor pode trabalhar isso?
Ler nem sempre é prazeroso. Muitas vezes lemos textos chatos para
estudar ou muito densos e longos. É importante não ignorarmos isso. Mas,
quando pensamos nos momentos de prazer, é preciso que os alunos tenham
liberdade de escolha. Claro que o professor, na posição de um leitor
experiente, sempre pode indicar um título. Porém, é importante prestar
atenção para não censurar o aluno de acordo com a nossa visão do que ele
é capaz de ler. Desbravar uma leitura mais complicada pode ser um
desafio bacana para ele também.
Espero que tenham gostado da entrevista. Vocês têm dúvidas? Como
vocês têm trabalhado a leitura com a sua turma? Registre sua experiência
aqui nos comentários.
Por Anna Rachel
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/blogs/leitura/existe-jeito-certo-de-apresentar-livro-para-crianca/?utm_source=tag_novaescola&utm_medium=facebook&utm_campaign=blogs&utm_content=link
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