Entenda a estrutura de um livro

Um livro não é somente um monte de folhas presas pela capa. Ele possui partes, mais ou menos constantes em todas as obras literárias.



FORMATO
Figura 3: Formato
O formato do texto é considerado como sendo o peritexto da editora. Este se refere ao design dos livros, portanto, a sua escolha não é feita aleatoriamente, mas é pensado para garantir a totalidade estética do livro.
Existem diferentes tipos de formatos, um livro pode ser em pé, caracterizado pelo formato vertical, outros autores utilizam o formato deitado na horizontal e outros ainda o formato quadrado. Vale dizer que o formato deitado ou na horizontal é o mais utilizado pelos livros ilustrados, pois, é considerado o mais adequado para demonstrar espaço e movimento na história.
No entanto, o segredo para a escolha do formato de um livro está para o formato que se adapte ao objetivo do livro e que garanta a legibilidade das imagens selecionadas para compor a sua linguagem visual.
O importante do formato é garantir que não haja uma competitividade entre a linguagem visual e a linguagem escrita, mas, sim que ambas se complementem e sem perder a sua especificidade, além de contribuir com a compreensão da história.
TÍTULOS
Figura 4: Títulos
Vale esclarecer que a importância de um título para uma obra literária é impor para a sua totalidade. Sabemos que no comportamento humano é muito comum ocorrer a seleção e a escolha de uma obra literária a partir da análise, seguido pelo encantamento ou rejeição do seu título. Quem de nós nunca escolheu um livro para ler por causa do seu título? Esta atitude é muito comum.
Sabendo deste comportamento, muitos autores de livros infantis utilizam alguns artifícios quando o assunto versa sobre o título de suas obras. Deste modo é comum vermos livros cujos títulos trazem o nome dos personagens principais. Este comportamento literário é denominado de “títulos nominais”, como por exemplo: Alice no país das maravilhas, Branca de neve e os sete anões, Cinderela etc.
Outro aspecto presente no título dos livros infantis é a junção do nome do protagonista com um epíteto (título), por exemplo: George, o curioso, Uma Lagarta muito comilona, etc.
Sobre estes aspectos referentes ao título de obras literárias Nikolajeva e Scott (2011, s/n) dizem que,
A prática de ter o nome do protagonista no título é pelo menos na literatura infantil, um dispositivo narrativo didático, dando ao leitor jovem algumas informações diretas e honestas sobre o conteúdo do livro, seu gênero (histórias de animal) e seu público: um nome de menina provavelmente será associado a um livro para meninas, um nome de meninos a um livro para meninos.
Outra característica do título apresentada pelas autoras, é que nos “títulos nominais” ao invés de ter o nome do protagonista, também pode conter o nome do objeto central da história, como por exemplo, “A casa amarela”. Nestes casos o título, de alguma forma, resume a essência do livro. Outra caraterística do título é que ele também pode ser formado a partir de um verbo, ou seja, o título denota uma ação do personagem “A viagem de Robson Crusoé”.
Diante da multiplicidade de variáveis que um título pode ter, podemos inferir que os títulos pertencentes aos livros ilustrados representam um elemento muito importante para o todo da obra, na medida em que favorecem a interação entre o texto-imagem.
Assim, o título de uma obra literária deve cumprir com duas funções básicas: descrever rapidamente para o leitor de que trata a história e capturar sua atenção e interesse a ponto que a leve a abri-lo para saber o que mais pode encontrar nele.
TÍTULOS E CAPAS
Como é de costume, geralmente, os títulos dos livros estão contidos nas capas, e estas por sua vez, principalmente, no caso da literatura infantil, são acompanhadas por imagens. Estas imagens, na maioria das vezes, podem ser a repetição de uma imagem já contida no corpo do texto, e acaba antecipando para o leitor o seu enredo.
No que diz respeito ao layout da capa, o autor tem a liberdade de utilizar diferentes fontes, tamanhos e configurações para compor o seu título, mas alguns cuidados devem ser tomados para que a sua escolha em relação ao layout não comprometa o entendimento do leitor para com o título do livro.
Muitas vezes, nós leitores não prestamos atenção no layout dos títulos dos livros. Isso se justifica pelo fato de que não fomos ensinados a perceber estes elementos e nem a reconhecer a sua importância para o enredo da história.
Agora, conscientes da relevância do título e da capa para a constituição do livro como um todo e reconhecendo-os como portadores de mensagem, cabe ao professor ensinar o seu aluno a olhar, refletir, indagar, problematizar e levantar hipóteses do texto a partir da observação da capa e da reflexão do título e das possíveis mensagens que o desenho da capa está propondo.
Assista ao vídeo:
Entrevista com o Ilustrador Fernando Vilella.

GUARDAS
Apesar da maioria as guardas dos livros literários não serem utilizadas por seus autores, sendo estas materializadas em forma de páginas brancas ou neutras, atualmente, um número significativo de autores de literatura infantil tem visto nelas uma possibilidade de utilizá-las como paratextos. Este encaminhamento literário contribuiu de várias maneiras com a história contada.
Neste contexto, as guardas passam a ter a função de apresentar uma cena introdutória do livro; trazer uma informação adicional da história; destacar as características do seu personagem, as guardas podem “se somar à narrativa e até influenciar a nossa interpretação”. (NIKOLAJEVA & SCOTT, 2011, s/p).
Figura 5: Frontispício
Segundo Nikolajeva e Scott (2011, s/p),
O frontispício ou folha de rosto costuma ter o título, o nome do autor e do ilustrador, e opcionalmente o nome da editora. De vez em quando os livros ilustrados têm um falso rosto (uma página somente com o título precedendo imediatamente do frontispício) ou uma página de dedicatórias.
Normalmente, a folha de rosto traz uma imagem da parte central do livro, com o objetivo de aguçar o desejo do leitor em fazer a leitura do livro. As imagens presentes, tanto na capa como no frontispício, induzem, muitas vezes, o leitor a fazer algumas inferências sobre a história.
Assista ao vídeo:
Ziraldo e a literatura infantil.

QUARTA CAPA
Normalmente, a quarta capa é constituída por uma imagem. Assim, quando o leitor abre a contracapa tem a possibilidade de verificar que ela completa a imagem da capa e as duas juntas compõem uma imagem única, referente à história. A contracapa é uma obra muito criativa do ilustrador que mexe com a imaginação do leitor, pois, culturalmente, aprendemos que a história acaba quando o texto termina, e dificilmente nos remetemos para a quarta capa a fim de buscar outras interpretações do autor refletidas nas imagens criadas pelo ilustrador.
Nikolajeva e Scott (2011, s/p) dizem que,
... as quartas capas raramente trazem texto verbal que fazem parte das narrativas. Ao contrário, são frequentemente utilizadas para paratextos, como um breve resumo do enredo, uma apresentação do autor e ilustrador (às vezes com uma foto) uma recomendação da idade do leitor, trechos e resenhas, informações sobre outros livros do mesmo autor, ou coisa parecida.

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