A graça de Deus

Por Pe. Fábio de Melo

O ser humano é dotado de capacidade recriadora. A inserção da vida humana no espaço criado teve o intuito que de que nos tornássemos sujeitos da criação. Ao sujeito cabe a função de realizar a ação do verbo.

Verbo de Deus se torna sujeito em cada criatura humana legitima no tempo por meio de sua ação, a Graça, isto é, o amor de Deus presente e atuante no mundo. Graça que salva, santifica, humaniza, transforma, gera o mundo ao desfazer o imundo.

A ação da graça de Deus na vida humana trabalha num primeiro momento no fortalecimento de nossa identidade. Somos filhos no Filho. Somos incorporados pela força sacramental que está manifestada no dom de Deus na tarefa humana.

A intervenção divina não está para tornar angélico o humano, mas, ao contrário, está para conceder-lhe nova condição humana, restaurada e reconciliada em Jesus, o Verbo de Deus.

Em cada sujeito pode ser colocada a presença do Verbo, o movimento que a tudo comanda. A graça de Deus é conferida a cada sujeito de maneira única e particular. O sujeito e sua subjetividade. Cada um move ao mundo a seu modo, de acordo com os atributos e limites que lhe são próprios. A graça esbarra nesses limites, pois nem todos estão em busca de uma forma de viver que seja favorável ao florescimento de sua subjetividade, ao fortalecimento de sua identidade.

O impulso da graça na vida humana tem o poder de fortalecer essa identidade. Vida de santidade é busca pela inteireza, pela posse de si mesmo. Viver santamente consiste em assumir e fortalecer a identidade que de Deus recebemos. É se esmerar por tomar posse do ser humano que Deus planejou que fôssemos.

Santificar é o mesmo que humanizar. É recebermo-nos de novo; é voltar ao molde inicial, onde o Verbo nos gera e nos faz ser o que somos. Não viver a santidade é o mesmo que abdicar da condição de realeza. É como se um rei resolvesse ser escravo, deixando o trono, vai viver a condição desumana que a escravidão confere. Esquece que é rei, abdica do trono. Deixa o mundo e assume o imundo como casa.


A vida cristã é afrontosa aos orgulhosos e prepotentes mas, Deus confere realeza a qualquer um que aceitar o convite. Os títulos reais estão à disposição. Basta querer.


Parte do livro "Quem me roubou de mim?

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