Tendências de mercado: o que sua empresa precisa saber agora sobre o futuro do trabalho

Em toda História da humanidade, o homem sempre tentou prever o futuro. Temos uma ânsia em saber o que nos aguarda para os próximos tempos – e as transformações estão acontecendo agora mesmo. Já que as previsões mais ousadas costumam não se concretizar, aqui propomos levantar algumas tendências de mercado mais realistas, mostrando estudos e opiniões de especialistas. Mas já posso dar um spoiler positivo: o futuro do trabalho parece promissor e mais igualitário.

Esqueça Os Jetsons e imagine um cenário diferente: você acorda, não pega trânsito, nem um carro voador. Trabalha em casa – menos horas, com mais produtividade – e comunica-se com todos da equipe de vários lugares do mundo e de forma virtual (e por que não por meio da realidade aumentada?). O senso crítico e a inteligência emocional são valorizados e nos diferenciam da forma como as máquinas operam. As demandas do mercado são bem diferentes, assim como o comportamento do consumidor. Além disso, equipes são lideradas por mulheres, negros, minorias.

As tendências de mercado apontam que este é um provável caminho. E quem não acompanhá-las pode ficar para trás.

NOVA RELAÇÃO COM O TRABALHO

Ambientes remotos e home office produtivo

A cada ano mais empresas estão escolhendo diminuir ou extinguir o escritório e formar equipes remotas, criando escritórios virtuais que permitem que trabalhadores fisicamente distantes se juntem.

Para uma startup, por exemplo, uma equipe remota pode ser especialmente benéfica. Reduz a sobrecarga da empresa, mantém o horário flexível e ajuda a recrutar os melhores talentos possíveis. Segundo este artigo do Entrepreneur, equipes remotas também são mais baratas e mais rápidas para começar e ganhar impulso. De qualquer forma, é preciso ter atenção às implicações trabalhistas no Brasil, que ainda não são moldadas a este modelo de trabalho.

Mas existem três princípios fundamentais para administrar um negócio remoto: comunicação, confiança e cultura. Você terá que definir padrões claros para cada um desses aspectos logo no início para que sua empresa possa operar sem problemas. Resumindo:


1. Comunicação
Sem comunicação consistente, uma equipe remota não funciona. Cada colaborador precisa entender suas responsabilidades e prazos, e todos precisam estar regularmente em contato uns com os outros. Para isso, é essencial ter uma ferramenta que faça o controle das tarefas e que aponte em que projeto cada pessoa está trabalhando. 

2. Confiança
Quando existe dependência entre as equipes, é preciso garantir que todos estejam motivados e sejam transparentes em suas ações. Por isso, é importante contar com um sistema que permita visualizar quais são as demandas do colega e como elas impactam no projeto. 


3. Cultura de empresa
Ainda que as pessoas trabalhem em sistema de home office, você terá que criar e manter uma cultura organizacional da sua empresa. Para uma equipe remota, cultura significa trabalhar em direção a um objetivo comum muito claro. Por isso, tenha um propósito definido e fortaleça os relacionamentos diariamente. Incentive a colaboração e a troca de ideias entre os funcionários, fazendo com que uns ensinem aos outros.

Algumas empresas já flexibilizaram seus horários para melhorar a qualidade de vida no trabalho dos colaboradores. Então, um passo adiante seria adotar o home office.

Propósito

Atrair e reter talentos sempre foi um desafio na gestão de pessoas. Daqui pra frente, as empresas precisarão, mais do que nunca, entender o seu propósito. Se você ainda não tem um propósito definido, deveria, como falamos neste artigo. O que sua empresa está determinada a fazer? É preciso ter uma motivação para que decisões sejam tomadas e as tarefas executadas.

O estudo Millennial Survey, publicado anualmente pela Deloitte, aponta que para seis em 10 millennials o sentido de missão faz parte da razão que os levou a escolher a empresa na qual trabalham atualmente. Entre os millennials que são usuários assíduos das ferramentas de social networking (os millennials “super conectados”), há um foco ainda maior no propósito das empresas. Cerca de 77% dos jovens deste grupo revela que o propósito da empresa foi uma das razões para a terem escolhido.

Perguntas a se fazer:
O que você valoriza, além do lucro? Seu produto, as pessoas, a marca, a estrutura…
Você se preocupa com o ambiente e com a relação que constrói com seus colaboradores?
Sua empresa tem ferramentas para acompanhar o home office?
Quais são suas estratégias para atrair, formar e reter talentos?
Qual foi a última vez que você revisou a missão, a visão, os valores e o propósito da empresa?


AUTOMAÇÃO
Sem medo dos robôs

Em 20 anos, vamos perder mais da metade dos nossos empregos para robôs. A inteligência artificial poderá acrescentar muito ao trabalho administrativo, como falamos neste post. Devido ao aumento dos custos com saúde (sim, o seu plano de saúde pago pela empresa custa dinheiro), o desejo de aumentar o valor de mercado da organização com menos despesas, o aumento do uso da robótica e a necessidade de um escritório mais modernizado, os empregadores não terão escolha: precisarão reforçar a informatização, em detrimento de seus colaboradores.

A McKinsey aponta que a inteligência artificial poderá nos substituir em atividades potencialmente perigosas, que exigem extrema precisão ou repetição, de coleta e o processamento de uma quantidade muito grande de dados, por exemplo.

Portanto, quem trabalha na FedEx – ou em qualquer empresa de logística – pode estar um pouco preocupado com o futuro do trabalho. Esta matéria da MIT Technology Review relata que a empresa está investindo em inteligência artificial, caminhões semi-autônomos e até mesmo robôs para realizar as entregas. Nessa mesma linha, a Amazon já apresentou o Prime Air – um sistema de entrega projetado para entregar pacotes para os clientes em 30 minutos ou menos usando drones.

A logística envolve muitos processos repetitivos (e maduros) e por isso tão logo deve passar por essa transformação. Mas o que será dos profissionais que atuam em áreas como essa? O que devem fazer? Aprender novas habilidades? O que pode perdurar antes da próxima onda de automação? Segundo este artigo do site Co.exist, especialistas apontam para a necessidade de habilidades que os robôs não têm, incluindo a empatia, a capacidade de trabalhar em equipe, destreza manual e pensamento crítico.

Para identificar mais a fundo as vantagens humanas em relação aos robôs, softwares vão rastrear as mudanças no trabalho, mostrando habilidades necessárias para cada função e capacidades que podem ser úteis em todas as indústrias e atividades. Esse tipo de serviço poderá ajudar também os governos nas suas políticas de educação, possibilitando aperfeiçoar cursos profissionalizantes. A tecnologia, portanto, vai otimizar o nosso tempo e dinheiro.

Habilidades esperadas para 2020

Compilamos as capacidades esperadas pelo mercado para 2020 – data que parece distante, mas que se aproxima em uma velocidade incontrolável.

– Inteligência social: Capacidade de conectar-se aos outros, de sentir e estimular reações.
– Alfabetização transcultural: Habilidade para operar em diferentes contextos culturais e entender conceitos em várias disciplinas.
– Pensamento analítico: Entendimento do raciocínio baseado em dados e conhecimento de ferramentas que auxiliam nessas análises.
– Pensamento crítico: Uso da lógica e da racionalização para identificar forças e fraquezas de soluções alternativas, conclusões e abordagens a problemas.
– Gerenciamento de informações: Saber discernir e filtrar informações importantes e entender como maximizar funções cognitivas.
– Inteligência emocional: A inteligência artificial ainda passa longe de aspectos de gestão emocional. Então quem tiver essa capacidade de controlar situações complexas sairá na frente.
– Mentalidade de solucionador: Capacidade de desenvolver tarefas e processos de trabalho para os resultados desejados.
– Colaboração virtual: Habilidade de trabalhar de forma produtiva e engajada independente da plataforma.
– Gerenciamento do tempo: Capacidade de fazer a autogestão e ser produtivo em suas atividades.
– Orientação para servir: Empatia e vontade de ajudar os outros.
– Negociação: Habilidades de negociação e conciliação de diferenças são importantes para todos os profissionais.

Perguntas a se fazer:
Onde você pode otimizar custos usando a tecnologia?
Quais características humanas são essenciais para a sua empresa? Estas habilidades são valorizadas?
Os processos da sua empresa estão organizados com sistemas automatizados?
Você procura nos processos seletivos habilidades comportamentais que tenham afinidade com o propósito da empresa?


DIVERSIDADE
Reunir pessoas de origens, repertórios e vivências diferentes

Inúmeros estudos mostram que estruturar equipes com profissionais de diferentes origens e culturas ajuda a alcançar mais vendas, mais clientes e mais lucro. Atuar em grupos diversificados desafia as formas tradicionais de pensar e refina o desempenho do cérebro.

Em 2015, a McKinsey avaliou 366 organizações públicas de vários países e constatou que aquelas que apresentavam a maior diversidade étnica e racial em posições de gestão eram 35% mais propensas a obter retorno financeiro acima da média de seu ramo. Incrível, não?

Este nosso artigo sobre o que é liderança mostra como fazer a diversidade funcionar e compila os dados de como esse fator é um propulsor da inovação. E se sua empresa se propõe a falar diretamente com seu consumidor, precisa conhecê-lo e representá-lo dentro da empresa. Essa é uma importante questão que as agências de publicidade ainda engatinham, por exemplo. Afinal, “como criar campanhas que falem com negros sem ter negros entre os funcionários que efetivamente planejam, criam e executam as campanhas?”. Confira a reflexão completa neste artigo do publicitário Daniel Sollero, no B9.

Mais mulheres em cargos de alta gerência

Uma pesquisa do MSCI ESG divulgada em 2015 indica que as empresas com forte representação feminina nos conselhos geraram um retorno sobre o patrimônio líquido de 10,1% ao ano, contra 7,4% daqueles que não têm mulheres no conselho. Ainda assim, vemos pouca diversidade em cargos de alta gerência.

A Egon Zehnder, empresa de pesquisa, também estuda esse progresso (ou falta de) nos últimos 12 anos. Sua mais recente análise revela que isso está mudando. Em 2016, por exemplo, quase 19% dos assentos nos conselhos de administração das maiores empresas do mundo eram de mulheres. Isso representa um aumento de quase 5% desde 2012. Mas os dados também revelam que a maioria (77%) dos países, entre os 44 estudados, não têm um mínimo de três mulheres por conselho, incluindo o Brasil.

Os analistas observam que a diversidade é muitas vezes conduzida pela presença de uma mulher na diretoria. “Quando a diversidade é uma prioridade na parte superior, ela se espalhará para a representação da diretoria, comportamento da diretoria e mentalidade geral”, diz o relatório. Os países que mais avançaram nesse fator, não surpreendentemente, têm o maior número de mulheres CEOs e CFOs, como a Suécia, Noruega e Itália. Isso se deve, principalmente, aos sistemas de cotas para mulheres.

Em 2003, a Noruega aprovou uma lei que exige que as empresas de capital aberto tenham pelo menos 40% de mulheres em seus conselhos. Empresas italianas e francesas também foram transformados por essa reserva de vagas imposta pelo governo. Desde 2011, as empresas italianas aumentaram sua representação feminina de 8% para 32%. Na França, a mudança passou de 21% para 38%. A Noruega foi a primeira a introduzir esse sistema, em 2003.

Para acontecer uma evolução no atual quadro, é necessário criar uma cultura em que a diversidade seja priorizada. Por isso, a adoção de medidas como a das cotas pode ser um caminho para que nos próximos anos as salas de diretoria comecem a ser ocupadas de forma mais igualitária.

Perguntas a se fazer:
Sua empresa se preocupa com a diversidade nas contratações? E valoriza esse fator?
Os cargos de liderança também são compostos por perfis heterogêneos?
É possível implementar ações que incentivem maior diversidade?

O futuro (nem tão distante) do trabalho
Confira no infográfico um resumo das tendências de mercado com base em pesquisas e percepções de especialistas.

  

Fontes do infográfico:
“The Future of Work: Attract New Talent, Build Better Leaders, and Create a Competitive Organization”, de Jacob Morgan;
“As tendências globais de como gerenciar seu capital humano – e seus projetos”, do blog.runrun.it;
“People Analytics: A tendência que está transformando a gestão de pessoas”, do blog.runrun.it;
“The 10 Most Important Work Skills in 2020”, no site Top 10 Online Colleges
Pesquisa mundial Future of Work, realizada pela ADP;
“Geração Millennial valoriza mais o propósito do negócio do que o lucro”, da Deloitte.

Fonte: https://blog.runrun.it/tendencias-de-mercado/?utm_source=news&utm_medium=email&utm_campaign=blog-rdstation-22-02

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